21.8.06

Amstel Dourado

E, apesar de tudo, o Sol brilha intensamente aqui por Amsterdam...

12.8.06

Menos Que Zero


Uma das primeiras noites de Agosto, em Lisboa, entre a Av. de Roma e a Frei Miguel Contreiras, relógio a chegar às três da manhã. Alguém pára uma carrinha e faz saltar da bagageira um cão, escuro, de porte médio. Distraidamente, ainda que estranhe o tardio passeio canino, desvio o olhar. Não decorreram mais que alguns segundos até que os gritos de um amigo me fizessem voltar a atenção para o mesmo ponto, onde já não havia cão, homem ou carrinha. A explicação não tardou: o senhor havia arrancado subitamente, deixando para trás o cão, que tentou seguir o carro com a velocidade que podia ter. Éramos cinco homens, e tudo foi tão rápido que apenas um de nós percebeu o sucedido, e procurar o cão abandonado foi obviamente infrutífero, uma vez que a essa altura ainda ele devia fazer tudo por tudo para alcançar o carro em fuga.
Acto recorrente, especialmente nestes dias estivais, e atitude que é apenas mais uma das que representa o grau zero de toda a vileza e despersonalidade, o abandono de animais é também um sinal mais profundo (ou mais superficial, dependendo do ponto de vista) de uma triste tendência social: a coisificação do animal, o comprar de um cão de raça como reforço ou pretensão de estatuto social, de e para imbecis. Compra-se um cão com a mesma leviandade e irresponsabilidade com que se escolhe um telemóvel, e a par de um BMW estacionado à porta, mesmo quando tal obriga a uma dieta diária de salsichas enlatadas, um cão de marca estacionado atrás da porta é o máximo da sofisticação ostentadora acéfala, pelo menos até às próximas férias…

11.8.06

Mar Adentro

De entre tudo de que se pode sentir a ausência, escolho o mar que se faz esperar...

3.8.06

Sonho de Uma Noite de Verão



Eu sei que vou chorar
A cada ausência tua eu vou chorar
Mas cada volta tua há de apagar
O que essa tua ausência me causou

Vinícius de Moraes/Tom Jobim na voz de Caetano Veloso

A compra tardia de bilhetes só me permitiu conseguir um lugar confortavelmente sentado a cerca de oito quilómetros do exíguo palco (conferir foto tirada com zoom 3X e onde, ainda assim, mal se vislumbra um Caetano em versão aventesma amarelada), onde a páginas tantas se sentou o homem com a sua viola. Mas nem a distância impediu que se reunissem quase todos os ingredientes para uma noite perfeita: a viola, a noite estrelada de Belém, Caetano Veloso, até o vento agreste, e um concerto memorável. Só o fim, por sê-lo, poderia ter um travo a imperfeição. A tristeza é senhora…

2.8.06

A Pirata Quer Vingança

Piratas das Caraíbas – O Cofre do Homem Morto, de Gore Verbinski
E enfim, lá tinham de borrar a pintura. Perdeu-se quase por completo o entretenimento puramente escapista do primeiro filme e substituiu-se um humor que vivia principalmente das palavras e maneirismos do personagem de Johnny Depp por uma profusão de gags visuais meio desconchavados. Gore Verbinski dirige com solidez e competência, como é seu hábito, e não é por aí que a coisa soçobra, mas é claramente, e em relação ao tiro certeiro do primeiro filme, uma menoridade que não justifica a interminável duração.
She Wants Revenge, dos She Wants Revenge
Um pouco ressabiado por não ter podido estar no Lisboa Soundz, decidi-me a adquirir o album de estreia destes dois rapazes. Foi, decididamente, uma ideia feliz. Caçadores-recolectores de tantas e tão vetustas influências (Sisters of Mercy, Joy Division e Ian Curtis, Bauhaus e Peter Murphy, até um pouco de Human League, e talvez mais que todos, os Suicide de Alan Vega), construíram um disco com a precisão perfeitamente fria e mecânica de um relógio. Dos bons. Não há aqui música orgânica, é de certa forma uma obra estéril nas suas construções padronizadas, quase robotizadas, que se estendem até, surpreendentemente, por uns refrões contagiantemente pop. Na sua lógica mecanicista de peça de alta relojoaria, o melhor disco de 2006 até ao momento. Pelo menos de entre os dois ou três deste ano que já ouvi do princípio ao fim.