29.9.05

A importância de se chamar Ernest


















Era uma vez um jovem americano muito bem apessoado que foi destacado com o exército americano para conduzir ambulâncias ou ser maqueiro, ou qualquer outra coisa relacionada com ligaduras e mercurocromo, na europeia e mediterrânica Itália. A razão deste destacamento foi a guerra que grassava pela Europa (a Grande Guerra, na altura, uma vez que os ingénuos não saberiam que haveria mais), e, uma vez a guerra finda e resolvida a contento de todos menos dos derrotados, dos defuntos, dos feridos, dos desmembrados e dos estropiados, o nosso herói embarcou numa longa vida de aventuras, romances e estroinices várias um pouco por todo o mundo. Esta épica existência talvez nunca conhecesse um fim, não se tivesse dado o caso de, num inesperado momento de lucidez, ter posto fim a si própria usando como ferramenta um rifle de caça.
Tudo estaria muito bem e esta biografia não interessaria nem ao Menino Jesus (que, pelos vistos, se interessa por muito pouca coisa), se o nome do sujeito não fosse Ernest Hemingway. É que o Ernest gostava de escrever, mas por um daqueles cruéis caprichos da mãe-natureza, fora dotado à nascença com tanto talento para a escrita como uma galinha amblíope e particularmente imbecil. Mas não era isso que iria travar o bom do Ernest, que não só persistiu nos seus atrozes esforços literários, como encontrou milhares, depois milhões de papalvos que acharam (ou foram induzidos a achar) que aquilo até era muito bom.
E é assim que hoje permanece ainda entre nós o culto desse vulto incontornável da literatura universal. Não sabia escrever nem uma lista de compras, tem a complexidade e beleza sintáctica de um redactor de manuais de instruções para torradeiras, os seus diálogos são estupidificantes de tão ocos e ridículos de tão pretensiosos, e não conhece outra forma de juntar orações que vá além do and (lerá o W. Bush muito Hemingway?), MAS, e aqui reside sempre o grande MAS, o Ernest Hemingway foi uma figura ímpar, larger than life, um bon vivant fascinante que arriscou incontáveis vezes a própria vida em safaris de caça-grossa em África, surtidas de pesca em alto-mar, heróicas touradas. Ou seja, no fundo devemos admirar este Ernest e a sua obra porque ele se tornou um Grande Homem através da tortura e massacre de animais indefesos, dando assim provas da sua incomparável virilidade, da sua grandiosidade e profundeza de espírito… é claro que um outro ponto de vista (curiosamente o meu), seria defender que o homem não passava de um asno com um talento para a escrita a pedir meças ao de uma Margarida Rebelo Pinto.
By the way, este assunto não surgiu por nenhuma razão em particular. As numerosas torturas que me auto-infligi, lendo penosamente livros(?) do Hemingway já estão temporalmente distantes, e hoje em dia já raramente tenho pesadelos por elas provocados. Mas com os Nine Inch Nails a debitarem-me milhentos decibéis de fúria na cabeça, alguém tinha de pagar a factura. E porque não o Ernest? Poucos o merecem tanto.

25.9.05

A straight eye for the queer guy



A ideia, ao contrário do que poderia indicar a sua natureza vil e cretina, não saiu de nenhum bestunto nacional, mas é antes a importação de “um formato internacional com provas dadas”, que é o dialecto de programador televisivo para “pedaço de bosta fumegante que comprámos por uma côdea de pão, para tornar a vossa vida um pouco mais patética”. O conteúdo(?) consiste em pegar num burgesso mal vestido de acordo com os seus próprios padrões, e transformá-lo num burgesso mal vestido de acordo com padrões alheios, ou seja, os mais conformistas e estereotipados valores de classe média-baixa que imaginar se pode.
E é precisamente esse detalhe que arranca este dejecto televisivo do simplesmente irrelevante para o levar ao perigosamente aberrante. Este normalizar e homogeneizar de grunhos, como se de fruta para empacotar se tratassem, é sintomático de uma necessidade preocupante que a maioria (acéfala e orgulhosamente ignorante) tem de impor os seus valores a todo e qualquer tipo de minoria (normalmente também acéfala e orgulhosamente ignorante, mas de forma tendencialmente menos ostensiva). O que existe, no fundo, é um imperativo doentio de conformar tudo e todos às ideias feitas que o senso comum formula sobre todos e tudo, reduzir o mundo inteiro ao mínimo denominador comum.
E falta apenas mencionar os operadores da milagrosa metamorfose, eles próprios já prévia e voluntariamente formatados ao gosto das massas: cinco rapagões homossexuais(?) cujo principal objectivo parece ser o de reforçar todos os clichés e preconceitos normalmente associados à existência gay; cinco patetas alegres com imenso jeito para decoração de interiores, moda, maquilhagem, tratamentos de pele, etc. Porque eles são todos assim, não são? Não são engraçadas as bichas?
Cada um destes rapazes faz mais sozinho pela marginalização homossexual que meia dúzia de manifestações de aspirantes a camisas negras / lençóis brancos.
Ou então sou eu que estou a precisar de um make over.


P.S.: Se estão a pensar que a foto é uma metáfora da agressividade com que a sociedade mais mainstream impões as suas regras, esqueçam. Fotos de freiras armadas até aos dentes são giras, e o blog é meu e ponho as fotos que quiser (e o google não encontrou fotos da merda do programa).

22.9.05

O Milagre de Fátima

Sentei-me em frente do meu martirizado laptop para debitar meia dúzia de bitaites sobre a inenarrável Fátima Felgueiras. Mas definitivamente não. E não por todas as razões e mais uma: porque não há pachorra, porque é demasiadamente óbvio, demasiadamente deprimente, e porque não é suposto transformar esta cegada no muro das lamentações. Ah, e falta a mais uma: porque a pobre, como se já não lhe bastasse o exílio, ainda se descaracterizou no pouco que tinha de tragicamente genuíno: aquele tatcheriano penteado, que navegava mansamente entre o retro-cool anos 80 e o repulsivo puro e simples, e que agora se viu substituído por um pseudo-modernaço corte que nos cortou a natural hilariedade a cada avistação da senhora. Mas adiante…
E assim, e porque me apetece, escrevo sobre (Alison) Goldfrapp. Felt Mountain foi muito mais Felt que Mountain, e quem na altura esperava nele encontrar o trip-hop diagnosticado pelos media, a quem a ausência de rótulos ocos provoca graves lesões cerebrais, foi certamente surpreendido pela orgânica sintetizada de um dos melhores discos dos anos 90, construído sobre uma voz em estado de graça permanente habitando a sua morada perfeita numa arquitectura de sintetizadores e violinos eléctricos. Parecia único e irrepetível. E foi. Black Cherry foi uma amálgama de pop e electro-clash vestido de lantejoulas, soquetes e anos 80. Os Goldfrapp tinham mudado. Para diferente, sim, mas também para um pouco menos sublimes, embora a inflexão fosse subtil. Tão subtil que foi facilmente esquecida na voragem da presença, da timidez e da voz de uma Alison que rendeu a si um Coliseu inteiro em Lisboa sem que nada tentasse para o conseguir. Mas bastava estar e ser Goldfrapp. Supernature já não é tanto inflexão como deflexão, e o declínio parece irreversível. Não é mau, simplesmente não é especial.
Ainda assim, mais que valerá a pena estar no Pavilhão Atlântico a assistir à abertura que os indispensáveis Goldfrapp farão para os mais que dispensáveis Coldplay. Vão tão cedo quanto possam, vejam e ouçam Goldfrapp e, depois, saiam para casa ou para outro sítio qualquer, porque nada mais de interessante ali acontecerá nesse dia. Nem por milagre.

17.9.05

O Manuel Maria

Após uma das habituais trocas gratuitas de acusações e de achincalhos infantis que normalmente passa, em Portugal e não só, por debate político, Carmona Rodrigues levantou-se da candeira em que se encontava escarrapachado, aproximou-se do senhor que nos sorri beatificamente no cartaz acima reproduzido e estendeu-lhe a mão para um inevitável cumprimento. E estendida ficou, já que o pepsodentiano senhor lhe virou as costas e se pôs dali para a fora com todo o ar de quem estenderia a mão a Carmona com todo o prazer, mas apenas para lhe assentar umas valentes punhadas na reluzente careca, não fosse tão abrupto gesto parecer muito pouco presidenciável aos olhos das omnipresentes câmeras.
Antes de continuar, convém esclarecer que não sou eleitor do munícipio de Lisboa, que os dois partidos a que os gladiadores pertencem me suscitam igual repulsa pelo seu centrismo amodorrado e oco, e que quanto aos próprios contendores em si, nenhum me aquece nem arrefece (salvo seja), pese embora tenha de confessar um vago asco que me provoca o alvo sorriso e o cabelo-pior-que-capachinho do sujeito que encima estas palavras.
No dia seguinte, confrontado com a pouca católica atitude, Manuel Maria Carrilho afirmou que tudo isso era irrelevante, lateral, e que o que realmente importava eram as convicções, as políticas e as personalidades. Quão trágico é (ou quão cómico) que esta pessoa não compreenda que um acto destes, de grau zero de urbanidade, civilidade e do mais elementar respeito pelos outros e por si próprio, define de uma vez por todas a mais negra e vil ausência de qualquer personalidade ou carácter; como pode não compreender que este episódio, longe de ser um mero fait divers, é o reflexo de uma natureza mesquinha que não se pode esconder, bem pelo contrário, por trás de supostas convicções?
Comprovou-se aquilo de que há muito se suspeitava: este individúo é um grunho, e nenhuma cátedra de filosofia, nenhum ministério, nenhuma esposa-troféu a debitar inanidades poderão branquear a índole burgessa deste Manuel Maria como a Pepsodent lhe branqueia as favolas.
Espero que os eleitores de Lisboa não tenham, igualmente, perdido a mais elementar noção de decoro, e que, depois de apertarem a mão ao Manuel Maria, o mandem mais a sua prole para o raioqueoparta.com

11.9.05

A Insustentável Leveza de Perder


Quando, há exactamente uma semana, dei início a este espaço bloguista, prometi a mim próprio que haveria dois temas nos quais nunca tocaria nem com uma vara de marmeleiro comprida, para que não criassem risco de contágio infeccioso ao resto da criação pseudo-literária-bloguista que por aqui campeia. O primeiro era o futebol, porque, tendo este blog claras e legítimas pretensões de se armar ao pingarelho e parecer mais do que realmente é, não se poderia obviamente rebaixar a tema tão populista, sob pena de deixar automaticamente de apresentar uma candidatura bem estruturada ao apetecível rótulo de intelectual. Sim, apetecível, porque apesar de o português ser, actualmente, a única língua viva na qual o adjectivo intelectual é cuspido à laia de insulto (que em breve substituirá até o tradicional e salutar filho da puta com que vituperamos as barbeirais manobras rodoviárias em que somos useiros e vezeiros), apesar disso, dizia eu, o epíteto de intelectual ainda é algo que se pode apresentar com orgulho em qualquer reunião familiar, tendo geralmente efeitos comprovados em tias solteironas, e sendo até potenciador do arrecadar de uns bons carcanhóis. O outro assunto que resolvi deixar de lado foi o padrão migratório das cegonhas, porque não percebo nada de passarada.
No entanto, e depois de cumprir religiosamente estes desígnios pela eternidade de uma semana, julgo que chegou a altura de deixar de lado os fundamentalismos e abordar um destes temas. E como continuo a não fazer a menor ideia do que raio andam as cegonhas a fazer, escreverei sobre futebol para tecer um breve mas ponderado, objectivo e isento comentário ao derby eterno ontem disputado, o Sporting-Uma Agremiação Qualquer. Ora cá vai: TOMEM!!!!!!! TOMEM LÁ, LAMPIÕES!!!!!!! VAI BUSCAR!!!!! NHA NHA NHA NHA!!!!!!! LEVEZINHO ALLEZ ALLEZ!!!!!!
E pronto. É esta a minha análise técnica à partida ontem disputada. A quem eventualmente não agradar o meu tom austero e desapaixonado, informo que a culpa não é minha, mas de 20 anos a ver futebol tendo como pano de fundo os dislates desse grande vulto do comentarismo futebolístico e da comédia involuntária que é o Gabriel Alves.
Posto isto, dou por definitivamente encerrado o tema futebol, ao qual prometo apenas voltar caso se verifique uma destas três improváveis condições:
1. Se os E.U.A. voltarem a ser assolados por um furacão com nome de líder de banda pop foleira.
2. Se Cristo descer à Terra ou o Manuel Monteiro ressuscitar politicamente (não consigo decidir qual das duas é mais bizarra).
3. Se me apetecer.

8.9.05

As Duas Torres


Telejornal, RTP 1. José Rodrigues dos Santos dirige-se à repórter destacada para a implosão das torres altas outrora pertencentes a uma empresa que, num genial rasgo criativo, decidiu autointitular-se Torralta e, com o seu habitual ar obstipado (o José, não as torres ou a repórter), pergunta-lhe se as duas enormes montanhas de entulho deixadas pela implosão dos malogrados edíficios têm já atraído a curiosidade de muita gente. E não que é a feliz repórter responde afirmativamente? E acrescenta ainda, numa estocada final, que se esperam ainda numerosos magotes de basbaques em peregrinação entulhal no fim de semana que se avizinha. Ora aí está!! Pode haver muito pouca coisa que nos dê vontade de despegar os fundilhos das calças do sofá de napa, mas dêem-nos dois everestes de entulho a reluzir de novos e ainda com a poeira a assentar, que nada nos reterá em casa, nem que a miudagem tenha de ser convencida a toque de galheta. Pessoalmente, não vejo porque quererá o Belmiro de Azevedo fazer investimentos totalmente desnecessários em infraestruturas hoteleiras que atraiam turistas quando, obviamente, nada nos atrai tão profunda e irresistivelmente quanto um monte de escombros retorcidos (perdão, dois). A não ser que o objectivo seja também atrair a estrangeirada, uma vez que esses têm a mania que são doces e fingem que não gostam da arte do entulho, só para se darem ares.
No entanto, o espectáculo começou muito antes, quando o entulho ainda se encontrava na menos nobre forma de mamarracho devoluto. A populaça foi-se alapando confortavelmente nos telhados e nas copas de árvore, nos terraços e nas varandas, na marginal e nas encostas, tudo para ter um lugar privilegiado de onde se pudesse assistir ao grande acontecimento. Infelizmente, o grande acontecimento não foi um acontecimento grande, e a queixa mais ouvida entre os desalentados populares auscultados pelo omnipresente telejornal, é que a coisa durou menos ainda do que a primeira vez de um adolescente hormonalmente disfuncional. Uma das citadas populares chegou, até, a comparar depreciativamente a portuga implosão "com a daquelas torres lá de Nova Iorque, que nessas sim deu tempo para ver como deve ser", ainda que outro dos presentes a tenha recordado de que essas tiveram uma desvantagem decisiva: "ninguém avisou". Citações literais.
Outra testemunha do inédito acontecimento, substancialmente mais jovem e talvez por isso mesmo mais preocupada com o futuro do turismo do que com o presente dos monos caídos por terra, afiançava que "vai ser muito bom para Grândola, especialmente para nós que somos jovens e andamos à procura de emprego, e assim..." Ainda que permaneça alguma dúvida sobre o que quereria a jovem popular significar com aquele obscuro "e assim", palpita-me que este júbilo feminino terá muito a ver com este dia negro para a virilidade, em que milhares de mulheres aplaudiram o súbito colapso de dois enormes símbolos fálicos.
Porque era só isso que elas eram, ou não??

6.9.05

35 anos de solidão


Afirmava ontem alguém de forma peremptória que o nosso político redondo favorito, agora candidato à deprimente presidência da não menos deprimente república, tem a seu favor uma aparentemente inatacável vantagem: apesar da vetusta idade, possui um espírito invulgarmente jovem. Eu, pelo contrário, devo ter um espírito invulgarmente envelhecido, uma vez que isto me faz alguma confusão, confesso. E nem vem ao caso que o autor da citada alarvidade fosse, ele próprio, um fóssil com idade para ter mudado as fraldas a Matúsalem (mas, claro, também ele dono de um espírito ainda imberbe). De qualquer forma, nada disto é muito relevante, uma vez que o espírito é mesmo a única componente de um candidato a presidente da república que tem direito a ser jovem, uma vez que a nossa iluminada lei eleitoral garante que o corpinho tem de ter, no minímo, 35 bem contados anos.
Quando cheguei à minha tão esperada maioridade alambazei-me, como qualquer mocetão púbere que se preze, a fazer tudo aquilo que, até aí, me tinha sido vedado à conta da minha borbulhenta menoridade. E as coisas até se iam compondo, até que cheguei ao número 5 da Grandiosa Lista de Macacadas Pós-18 anos (assim mesmo, em maiúsculas e religiosamente copiada num caderno de argolas do He-Man), que era, exactamente, candidatar-me à presidência da república. No entanto, assim que expus este patriótico plano ao meu pai e lhe quis sacar a assinatura da ordem, fui sumariamente despachado e desinvestido das minhas presidencialistas ambições: agora que tens 18 anos podes ir alapar-te no Olimpia a ver sessões contínuas do Virgens Anais (check, tinha sido o número 3 da Lista), podes pagar impostos (Hurra!!!), podes até ser presidente da Associação de Fetichistas de Pés de Montemor-o-Novo, a única coisa que não poderás ter é poiso no Palácio de Belém, uma vez que tal está reservado para mânfios com mais de 35 primaveras.
E assim, destroçado que fui pelo mais rude golpe da minha vida desde o fim do D’Artacão, tenho desde então dedicado a minha vida à espera: à maravilhosa e edificante espera pelo meu 35º aniversário, aquele que, por artes mágicas, me transmutará de sujeito nocivo a quem não se deve confiar nem uma bicicleta sem rodas em cidadão respeitável e responsável, penteadinho e sorridente, pronto a ser ungido pelo óleo balsâmico da presidencialidade. Ele chegará.

4.9.05

Manifesto de coisa nenhuma


Por este meio declaro inaugurado um novo pedaço de blogosfera, que tem como motor impulsor a mais poderosa das forças motrizes do volúvel espírito humano: o imortal „porque me apetece“.
E assim, e porque qualquer obra que se preze terá de começar por manifestar as suas intenções, também eu tenciono expor já as minhas, para que nenhum incauto aqui venha ao engano: pretendo, para falar de uma forma simplificada e genérica, falar mal. Falar mal de ninguém em geral e de todos em particular. Afirmava o Eça para quem o queria ouvir (e quem não o queria ouvir também não tinha outro remédio) que „Portugal não é um país, é um sítio mal frequentado“. Pois com a licença de monoculizado Eça, era isso mesmo que eu gostaria que este blog fosse, um sítio (versão actualizada) mal frequentado, uma espécie de Portugal pequeno e para pequenos, onde me dedicarei a debitar prosa mais ou menos verborreica sobre aquilo que não me agrada neste país, no mundo em geral e, porque não, no universo adjacente.
Não significa isto que, ocasionalmente, não possa por aqui aparecer um fugaz momento em que se discorra sobre algo ou alguém que, enfim, e vá lá, não está assim tão mal atamancado, ou seja, de vez em quando até se pode falar bem de qualquer coisita. Mas agradeço que me seja chamada a atenção se e quando esses momentos delicodoces ameaçarem, pela sua frequência, empestarem todo o blog com a sua pestilência entorpecedora de capacidade de lucidez crítica. Faço este pedido a todos os frequentadores deste blog, ou seja, eu, a minha tia-avó Graciete e alguns inocentes que subornarei para que este blog até pareça frequentado (mas mal).
Para terminar, só mais dois apontamentos: não se esperem encontrar aqui críticas construtivas, porque nem sou empreiteiro de obras públicas nem tenho pretensões didácticas. E gostaria de chamar a atenção para o pseudónimo pretensioso de semi-deus que escolhi para mim próprio.
Nada como presunção e conversa oca para iniciar um blog.
Fiquem atentos (ou não).