25.9.05

A straight eye for the queer guy



A ideia, ao contrário do que poderia indicar a sua natureza vil e cretina, não saiu de nenhum bestunto nacional, mas é antes a importação de “um formato internacional com provas dadas”, que é o dialecto de programador televisivo para “pedaço de bosta fumegante que comprámos por uma côdea de pão, para tornar a vossa vida um pouco mais patética”. O conteúdo(?) consiste em pegar num burgesso mal vestido de acordo com os seus próprios padrões, e transformá-lo num burgesso mal vestido de acordo com padrões alheios, ou seja, os mais conformistas e estereotipados valores de classe média-baixa que imaginar se pode.
E é precisamente esse detalhe que arranca este dejecto televisivo do simplesmente irrelevante para o levar ao perigosamente aberrante. Este normalizar e homogeneizar de grunhos, como se de fruta para empacotar se tratassem, é sintomático de uma necessidade preocupante que a maioria (acéfala e orgulhosamente ignorante) tem de impor os seus valores a todo e qualquer tipo de minoria (normalmente também acéfala e orgulhosamente ignorante, mas de forma tendencialmente menos ostensiva). O que existe, no fundo, é um imperativo doentio de conformar tudo e todos às ideias feitas que o senso comum formula sobre todos e tudo, reduzir o mundo inteiro ao mínimo denominador comum.
E falta apenas mencionar os operadores da milagrosa metamorfose, eles próprios já prévia e voluntariamente formatados ao gosto das massas: cinco rapagões homossexuais(?) cujo principal objectivo parece ser o de reforçar todos os clichés e preconceitos normalmente associados à existência gay; cinco patetas alegres com imenso jeito para decoração de interiores, moda, maquilhagem, tratamentos de pele, etc. Porque eles são todos assim, não são? Não são engraçadas as bichas?
Cada um destes rapazes faz mais sozinho pela marginalização homossexual que meia dúzia de manifestações de aspirantes a camisas negras / lençóis brancos.
Ou então sou eu que estou a precisar de um make over.


P.S.: Se estão a pensar que a foto é uma metáfora da agressividade com que a sociedade mais mainstream impões as suas regras, esqueçam. Fotos de freiras armadas até aos dentes são giras, e o blog é meu e ponho as fotos que quiser (e o google não encontrou fotos da merda do programa).

1 Comments:

At 11:32 da manhã, Blogger Purpurina Cor de Rosa said...

Eu já tinha estado aqui a bisbilhotar o teu blog, curiosa como sou, não podia deixar de ca vir quando postaste no bolettin board o link. Devo retribuir as congratulações proque escreves muito bem. Não se o que fazes da vida, mas é uma grande pena se não aproveitares esta capacidade.

 

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