13.12.05

Cartões de Natal (em movimento)

No prosseguimento das tréguas natalícias previamente encetadas, dando pausa ao meu amado mal-dizer arbitrário, continuo a listar alguns objectos ou acontecimentos que ainda fazem a vida valer a pena… e muito. E agora o cinema:

A Pianista, de Michael Haneke (2001): Isabelle Huppert revisitada por Haneke, ou como transformar uma obra da amorfa Jelinek num compêndio estarrecedor de uma normalidade psicótica.

Touch of Evil, de Orson Welles (1958): desde a abertura em travelling prolongado sobre um insuspeito Charlton Heston mexicanizado até um duelo final mais travado entre luz e sombra (literalmente) que entre bem e mal, é a obra maior de Orson Welles e a mais subvalorizada.

Cidade de Deus, de Fernando Meirelles (2002): com uma fotografia e uma montagem assim, só um inepto se sairia mal. Brilhante deconstrução do defunto neo-realismo cinematográfico.

Trilogia O Padrinho, de Francis Ford Coppola (1972 a 1990): porque Al Pacino era actor, pelo tom fúnebre da fotografia escurecida, pelo fade-in que nos introduz, pela porta que se fecha suavemente, por Marlon Brando, porque tem Lee Strasberg, porque é genial e porque sim.

O Tempo dos Ciganos, de Emir Kusturica (1988): uma obra-prima absoluta cria os seus próprios padrões e linguagens, define a cosmogonia que a rege; esta é a obra-prima absoluta feita cinema, o mais Kusturica de todos os Kusturicas no mais pungentemente belo filme de todos os filmes belos.

Menções honrosas:
Ondas de Paixão, de Lars von Trier (1996)
Boogie Nights, de Paul Thomas Anderson (1997)
Código Desconhecido, de Michael Haneke (2000)
Rosetta, de Jean-Pierre Dardenne e Luc Dardenne (1999)
Paris, Texas, de Wim Wenders (1984)
As Asas do Desejo, de Wim Wenders (1987)
Ran, de Akira Kurosawa (1984)
Trilogia O Senhor dos Anéis, de Peter Jackson (2001 a 2003)
Seven, de David Fincher (1995)
Shining, de Stanley Kubrick (1980)
Dr. Estranhoamor, de Stanley Kubrick (1964)
2001, Odisseia no Espaço, de Stanley Kubrick (1968)
A Laranja Mecânica, de Stanley Kubrick (1971)
Tudo Bons Rapazes, de Martin Scorsese (1990)
O Rei da Comédia, de Martin Scorsese (1983)
Felicidade, de Todd Solondz (1998)
Safe, de Todd Haynes (1995)
Velvet Goldmine, de Todd Haynes (1998)
Underground, de Emir Kusturica (1995)
Um Coração Selvagem, de David Lynch (1990)
Dead Man, de Jim Jarmusch (1995)
Ghost Dog, o Método do Samurai, de Jim Jarmusch (2001)
Freaks, de Tod Browning (1932)
Mãe e Filho, de Aleksandr Sokurov (1997)
O Ódio, de Mathieu Kassovitz (1995)
A Caixa, de Manoel de Oliveira (1994)
Annie Hall, de Woody Allen (1977)
Toda a gente diz que te amo, de Woody Allen (1996)
Apocalypse Now, de Francis Ford Coppola (1979)
Bram Stoker’s Dracula, de Francis Ford Coppola (1992)
A Barreira Invisível, de Terrence Mallick (1998)
Batman Regressa, de Tim Burton (1992)
O Estranho Mundo de Jack, de Tim Burton e Henry Selick (1993)
O Bom, o Mau e o Vilão, de Sergio Leone (1966)
Disponível para Amar, de Wong Kar-Wai (2000)
O Funeral, de Abel Ferrara (1996)
Herói, de Zhang Yimou (2002)
M, de Fritz Lang (1931)
O Homem da Câmara de Filmar, de Dziga Vertov (1929)
O Mundo a seus Pés, de Orson Welles (1941)
A Sombra do Caçador, de Charles Laughton (1955)
Nosferatu, de F. W. Murnau (1922)