23.11.05

Lançamento do Disco (Sound)

Na última sexta-feira, horas antes de vários milhares de extasiados portugueses se renderem ao encanto retro dos anacrónicos Boney M e Village People, o normalmente insuspeito (embora presunçoso) suplemento do Público singelamente intitulado Y incluía nas suas páginas uma crítica à recentemente lançada caixa que encerra, em 9 CDs e 2 DVDs, todas as gravações jamais efectuadas pelos ABBA em estúdio. E se a edição desta nefasta caixinha de Pandora é já, em si própria, motivo mais que suficiente para aterrorizar qualquer um, a nota atribuída pelo Ypsloniano crítico à mesma justifica plenamente o pânico em massa, seguido do êxodo dos melómanos para paragens musicalmente mais evoluídas, como por exemplo as savanas do Tanganhica.
A nota foi um 10. Não se trata aqui de um 10 em 100 ou, mais plausivelmente ainda, de um 10 em 8 ziliões, mas sim de 10 em 10, que é como quem diz o equivalente numérico do céu na terra.
O fenómeno, intimamente relacionado com o concerto(?) inicialmente mencionado, não é virgem, apresentando pelo contrário uma insidiosa recorrência no seio da imprensa musical: de quando em vez, um iluminado crítico em desesperada crise criativa que o distinga dos demais mortais e o confirme como arauto messiânico do Santo Graal musical entre monos embrutecidos, vai ao seu baú de ignomínias empoeiradas e saca de lá um grupo, compositor, cantor ou movimento musical que tenha sido a seu tempo alvo de um merecido asco e que, agora, seja tratado com a distância pedida pelo seu avançado estado de putrefacção. De seguida, o crítico proclama alto e bom som, sem receio de vir a ser ostracizado pela própria mãezinha, que afinal aquele é um som de qualidade e subtileza tão astuciosamente ocultas que só ele, após anos de estudo, as descobriu. Geralmente regista-se nesta fase a adesão entusiasta da maioria dos restantes críticos, receosos de serem tomados por incultos com a sensibilidade musical de gerbilhos surdos (como somos nós, restante maralha que continua convencida que os ABBA, Village People e afins não passam de poias enfeitadas com lantejoulas).
Esta espécie de revisionismo histórico musical é cíclico, e já tentou no passado branquear ícones da boçalidade do quilate de um Burt Bacharach ou de um Tom Jones. E se lhe dermos tempo suficiente, assistiremos certamente à reabilitação dos Modern Talking ou, daqui a 20 anos, à redescoberta da Britney Spears e dos Backstreet Boys como bardos maiores do lirismo do século XXI. Eu, à cautela, vou tendo a canção-tema do D’Artacão como banda sonora dos meus dias.

1 Comments:

At 6:01 da tarde, Anonymous Anónimo said...

quero apenas dizer que tenho pena da falta de animação das nossas festas actuais, falta aquela vontade ue havia nos 70´s de curtir como se não houvesse amanhã, apesar de muito lsd na cabeça, muitas maluqueiras boas e más havia o SORRISO, CÔR, LUZ, hoje em dia comparo as festas um bocado à laia do tipo "cave party" sítios escuros, faces sombrias, pessoas parecidas com aquelas moscas que quando embirram com um vidro , continuam insessantemente a tentar trespassá-lo, mas em vez de vidros "mandam-se contra as colunas" como se houvesse "algo" mais lá dentro para explorar... coitados!, outros, no meio de uma disco, de uma tenda, de um barracão repleto de pessoas quase com os pés no ar, levam uma pisadela, e paresse qu ofendemos a mãe deles... porrada para cima! ahhh! só assim conseguem aliviar o seu ego depois de tal ofensa...
Deixo aqui uma questão! o que é feito da boa disposição, da harmonia, da amizade, do respeito, do civismo? por favor se alguém os encontrar, não se esquessam de me avisar! :)eu sei que somos capazes de muito melhor.um abraço, sejam felizes.

 

Enviar um comentário

<< Home