28.10.06

Flutuemos no Espaço...

Para mais um sábado, um video de entusiasta edição amadora que, recorrendo a clips de Delicatessen, Apocalypse Now, Dancer in the Dark, etc., acaba ser uma ilustração tão boa (ou tão má) como qualquer outra para uma das mais belas canções pop de sempre. Ladies and Gentlemen, we are floating in space...

21.10.06

Faz Tudo de Novo...

Para animar o dia casmurro, Do it all over again, do album Let it come down (Spiritualized, claro).

19.10.06

Espiritualizados

Os Spiritualized nasceram algures no início dos anos 90, das cinzas dos Spacemen 3 e da inspiração quimicamente alimentada de Jason Spaceman. Após dois primeiros albuns razoavelmente bons, lançaram uma obra-prima absoluta (talvez em 1996, não tenho pachorra para confirmar nem tal é importante num disco intemporal): Ladies and Gentlemen, we are floating in space. Não se pode sair ileso de um disco destes, e como os Spiritualized já nele haviam entrado em estado pouco recomendável seria demais esperar grandes feitos posteriores… ainda agonizaram com um duplo ao vivo e espernearam em dois albuns de originais de interesse decrescente. E embora “interesse decrescente” no universo Spiritualized seja equivalente ao que de melhor a maioria das bandas consegue fazer, o caminho tornou-se mais e mais estreito, e por estes dias Jason Spaceman limita-se a calcorrear a Grã-Bretanha numa espécie de apresentação saltimbanca das pérolas dos Spacemen 3 e Spiritualized num deprimente acústico, enquanto a banda, ainda que não oficialmente defunta, vegeta numa letargia da qual provavelmente não mais sairá.
E é por isso que, durante os próximos dias, este blog se dedicará exclusivamente a uma homenagem antecipadamente póstuma a esta banda moribunda.Para começar, Come Together (do citado Ladies and Gentlemen…) em versão sem rede, no Later de Jools Holland.

12.10.06

Egrégios Avós

As selecções nacionais, e por arrasto o futebol internacional, são instituições perfeitamente descabidas. No meio de uma paixão, a do futebol, que se deseja e se vive de forma perfeitamente irracional, que raio de interesse tem que exista uma equipa que se apoia com base em motivos racionais? O futebol é para ser vivido aos berros e uivos, com vernáculo e bacoradas, facciosismo e clubite. Em suma, irracionalmente. Por isso faz muito mais sentido torcer pelo clube que se escolhe por razão absolutamente nenhuma do que pela selecção que nos é impingida porque aconteceu termos nascido no mesmo território geopolítico.
Isto escrito, urge reconhecer que a selecção nacional portuguesa é uma instituição particularmente medíocre, até para selecção. E até para portuguesa. É invariavelmente mesquinha, envergonhada e raquítica nas vitórias, e só ela conseguiria tornar um segundo lugar num europeu e um quarto lugar num mundial em conquistas pífias, alimentadas a triunfos anémicos de uns-zeros e penalties, num anti-dinamismo titubeante de tem-te-não-caias que acaba mesmo por cair estrepitosamente aos pés de outras selecções igualmente foleiras, ainda que talvez mais higiénicas. E aí reside o segundo grande problema: ao anonimato das vitórias míseras sobrepõem-se sempre os maus momentos espalhafatosos, normalmente apimentados por um pormenor humilhante qualquer e por um fair-play à Mike Tyson que nos engrandece a todos enquanto nação.
Como redenção, apenas as robustas vitórias alcançadas frente a oponentes do quilate de um Kazaquistão, de um Turquemenistão ou mesmo, em dias de rara inspiração, de um Zimbabwe.

3.10.06

Como aprendi a parar de me preocupar...

Gentlemen, you can't fight in here! This is the War Room!


Ao rever o delirante Dr. Strangelove, torna-se impossível não estabelecer um paralelo entre os personagens de Kubrick e os algozes que povoam desde há alguns anos a Casa Branca. De facto, não é difícil vislumbrar no Dr. Strangelove, ou nos generais Turgidson e Ripper uma espécie de émulos antecipados dos War Hawks bushianos, de Rumsfeld a Wolfowitz, passando por Cheney e Rice. Com duas singelas mas fundamentais diferenças. Primeiro, os comparsas do Bush são, além de pictoricamente inestéticos, incomparavelmente mais sinistros, prejudicados pela circunstância de não terem piada absolutamente nenhuma; segundo, os falcões cinematográficos encontravam no Presidente Merkin Muffley um tampão racional à sua demência belicista.
Mais que nunca, a ver.

1.10.06

Lobo Como Eu, Televisão na Rádio

Os nomes que damos às coisas da nossa vida, o código verbal que medeia a nossa relação com tudo que é mundo, têm a importância frequentemente decisiva de fazerem uma ideia, uma representação mental, preceder a sua materialização efectiva. Apesar de ser necessário, para elaborar profunda e correctamente este conceito, um linguista ou um psicólogo cognitivo, e eu não ser uma coisa nem outra, esta formulação rudimentar bastará para contextualizar o que se segue. Porque o blog é meu e porque me apetece. Esta importância fulcral da nomenclatura é tão mais importante num universo construído do e no efémero como é o da música pop (no sentido mais lato, em oposição à música dita clássica, ou erudita), com a qual, invariavelmente e por natureza, estabelecemos relações de alguma transitoriedade, por muito que determinados grupos e albuns nos acompanhem toda a vida. E acompanham.
E depois? Depois, há bandas que têm o bom senso de aliar um bom nome a melhor música (os Primal Scream, os Jane’s Addiction, os Spiritualized, etc., etc.); bandas há que até têm um nome apresentável mas insistem em nos bombardear com música irrelevante (os Arctic Monkeys, os Arcade Fire, os Man… or Astro Man?, por exemplo); e bem mais numerosas são as bandas que a um nome mau juntam música pior (os Coldplay, os Pearl Jam e mais algumas centenas).
Quando tomo conhecimento de uma banda através do seu nome antes de saber da sua música, e se o nome me soa foleiro, apegado como sou aos meus preconceitos, pelos quais nutro um saudável carinho, tento ao máximo ostracizar essa banda do meu espectro sonoro. Assim foi com os TV on the Radio, que se baptizaram com um nome que não lembraria ao mafarrico. Mas eles lá se insinuaram através dos interstícios abertos pela rádio, pelos soundbytes da net, pelos avisados conselhos do meu irmão mais velho; e o novo album destes nova-iorquinos, Return to Cookie Mountain, lá transitou de uma prateleira da Fnac para a minha vitrola. E para não adjectivar mais nem iniciar hiperbolizações, adiciono apenas a actuação dos inesperadamente brilhantes TV on the Radio no programa do Letterman, tocando Wolf Like Me. Façam-se um favor e reproduzam este video no volume máximo.





Ah, e hoje é o Dia Mundial da Música. Assim mesmo, com Maiúsculas Pomposamente Oficializadoras.
E o Dia Distrital do Salto ao Eixo, também. Freestyle.